Faça uma bonita capa para sua tese, valoriza!
Há grande interesse dos visitantes de nosso blog por capa e folha de rosto dos trabalhos acadêmicos.
Não que seja nada complicado atender às normas sobre o assunto, mas sempre há dúvidas - e quase sempre há espaço para a criatividade.
Aqui selecionamos uma pequena amostra de capas e folhas de rosto de trabalhos universitários que revisamos recentemente, postamos para servir de exemplo do que pode ser feito dentro das muitas regras que há. Lembramos que os orientadores quase sempre mencionam a ABNT, mas muitas vezes o que eles querem não é exatamente que se siga aquela norma.
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A capa do trabalho pode variar bastante, a folha de rosto segue padrão mais uniforme. |
Procure observar se existe uma norma específica em sua instituição sobre esse assunto, pois o que observamos é que há muitas variações, em várias instituições, segundo as interpretações que se faz.
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Capa de monografia IFAC/UFOP |
A maior parte das instituições brasileiras alega adotar as normas da ABNT sobre o assunto, mas as modifica, adaptando segundo seu entendimento da questão. Acreditamos que, na verdade, costumam dar mais atenção à capa que deveriam e aumentar o problema além do que ele mereceria. Em parte, isso reflete aquela antiga postura escolar, de fazer a capa bem bonita, para que ela esconda um trabalho não tão bom.
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Capa de dissertação PUC/SP |
Existe, por parte das instituições, um salutar interesse em simplificar as capas e a diretriz de padronizar o elemento - o que nem sempre é tão necessário ou importante. As regras, tanto as da ABNT quanto as das instituições de ensino, geralmente não se adaptaram às múltiplas possibilidades agregadas pelos editores de textos e regulam a questão como se os trabalhos ainda fossem feitos à máquina de escrever. Desconsideram a possibilidade de recursos gráficos, fingem desconhecer a variação do tamanho das letras (corpo da fonte), exigindo o uso de capitais (minúsculas) sem nenhuma necessidade, nem mencionam a possibilidade de ilustração.
Para discutir o caso, vamos entender primeiro o que é, ou deveria ser a capa: todo mundo sabe que capa é aquilo que reveste o trabalho, dando-lhe cobertura e proteção - bem como a apresentação inicial do conteúdo do volume. Pois bem, capa é o exterior! Mas muitas vezes temos observado que, em volumes encadernados, com os dizeres formas impressos na capa-dura, quando se abre o trabalho, a primeira coisa que se encontra é... Outra capa!
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Capa de dissertação USP |
Trata-se evidentemente de um equívoco de interpretação (sem nenhum dano importante, note-se), mas depois da capa (dura) o que deveria vir seria a folha de rosto, tal como a conhecemos.
As capas de papel só fazem sentido naqueles volumes provisórios encadernado em espiral e cuja cobertura transparante permite que as informações da primeira folha (que assume a função de capa) fiquem à vista. Nos casos de encadernação dura, de capa opaca, a folha com os dados da capa se presta a que o encadernador componha a capa, imprimindo em caracteres metálicos sobre o cartão do revestimento.
Observemos, neste ponto, que os encadernadores, em geral, não possuem a mesma amplitude de recursos e liberdade que temos de uso (em tese, mas formalmente é vedada) de fontes e corpos variados. Portanto, não se pode ser muito criativo no tradicional formato de capa dura escura com letras douradas - nem é isso que as instituições preconizam.
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Capa de dissertação PUC/PR |
Então continuamos a depositar teses, dissertações monografias com as capas que seriam possíveis nos primórdios do século passado, desconsiderando cem anos de evolução gráfica.
Somente os cursos mais abertos, de arte, ou de design, segundo temos observado, têm dado abertura para as capas serem feitas segundo os recursos disponíveis, fugindo das limitações que não existem mais.
Aqui apresentamos algumas capas que ilustram as questões que já apontamos, e que se revestem de questiúnculas (questões irrelevantes - mas só mesmo essa palavra antiga para bem expressar os casos) sobre as quais teceremos considerações.
A primeira das capas aqui (monografia IFAC/UFOP) contraria tudo que ABNT e a maioria das normas institucionais postula. Cor, grafismo, fotografia. Além desses elementos, facilmente verificáveis, o trabalho foi impresso em formato diferente dos comuns (A4 - predominante ou ofício - mais raro), sendo o papel cortado na proporção áurea, por necessidade do discurso do texto.
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Capa de monografia. |
A segunda capa (dissertação PUC/SP) exemplifica duas coisas que não nos agradam: o nome da instituição precedendo o do autor (já vimos referência a mecanismos de indexação que interpretam, em casos semelhantes, a instituição como sendo autora), claro detrimento à pessoa em benefício da corporação; e o uso de caixa alta e textos da capa, recuso antiquado de composição, quando se pode usar o tamanho da fonte e o negrito com muito melhor resultado gráfico.
A capa seguinte (monografia USP), apresenta o nome da instituição ao pé da página (o que diverge da ABNT, mas que me parece pertinente) mas duplica a informação da cidade, já contida no nome da instituição - pecando por excesso onde a síntese poderia ser privilegiada. No mesmo sentido, a capa da dissertação (PUC/PR) que segue, apresentando excessivas informações institucionais no tope, relegando o autor. Aqui ainda vemos uma capa de monografia que contém as informações da natureza do trabalho que deveria ser limitadas à folha de rosto.
Talvez não tenhamos resolvido aqui nenhum problema quanto à elaboração de capas, mas apresentamos alguns dos problemas existentes. Infelizmente essas questões costumam vir a ser mais uma dor de cabeça para as pessoas, sem nenhuma necessidade disso.