Questão que preocupa muitos autores em relação a seus textos, e a preocupação faz realmente sentido, é a que se refere ao sigilo do revisor em relação ao trabalho.
Como revisores, consequentemente linguistas, vale lembrar que a palavra sigilo vem do latim, língua em significava "sinalzinho" - no sentido de símbolo destinado a guardar um segredo. O sigilo profissional do revisor de textos se refere ao resguardo do material que lhe é confiado, não o trazendo a público em prejuízo do autor.![]() |
Enquanto o texto não for publicado
por seu autor, o revisor não o viu,
não ouviu falar dele e nada tem a
dizer sobre o que foi escrito.
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O sigilo sobre o texto quer dizer que o revisor não pode nem vai publicar fragmentos ou a totalidade da produção do cliente, nem antecipar seu conteúdo por nenhum meio. Atualmente, com toda a facilidade da publicação eletrônica, seria bastante fácil a um profissional desonesto, e se for desonesto nem se pode dizer que seja profissional, antecipar-se com um fragmento de qualquer obra, em um blog, por exemplo; a facilidade de se fazer algo assim seria inimaginável há poucos anos. O revisor não pode fazer isso nem a título de que está dando publicidade a seu trabalho de revisor, exceto se a tal for expressamente autorizado pelo autor - o que é improvável que ocorra.
Nem vou mencionar a apropriação do texto alheio, a fraude (usar parte daquele trabalho em outra obra, por exemplo), ou o plágio: apresentar o texto do cliente como seu. Esses são casos diferentes da violação do sigilo e só estão ligados a ele por serem também práticas ilícitas.
Como o autor pode se precaver quanto á lisura do revisor? Bem, revisão de textos é uma relação de confiança, primordialmente. Autor e revisor devem construir entre si confiança no que tange à qualidade do trabalho de cada um e confiança na relação profissional, por exemplo, no que tange à pontualidade (na entrega do serviço e nos pagamentos), no que concerne ao limite entre o trabalho de um e a criatividade do outro (o revisor se age como consultor). Então, trate o autor de escolher bem quem vai revisar seus textos, ou a equipe com quem vai trabalhar, pois essa relação entre autor e revisor amadurece, o trabalho cooperativo valoriza o produto. Na escolha do revisor, observe a reputação que ele tem construído. Importantíssimo é jamais usar o serviço de revisão de alguém que "faça" trabalhos para os outros: será grande a probabilidade de que parte ou todo seu texto seja plagiado mais à frente. Outra providência que se pode tomar, quanto ao resguardo de direitos recíprocos, é a formalização do contrato entre as partes, por instrumento privado entre autor e revisor que terá ampla validade legal e específico condão inibidor de todo tipo de contrafação.
Um aspecto de que o revisor deve se resguardar é quanto a comentários estéticos ou qualitativos sobre os textos dos clientes. Revisor pode até ter vontade de ser crítico literário, mas não o é. Não é função do revisor opinar sobre conteúdo ou qualidade de textos, exceto se o cliente o demandar especificamente e, nesse caso, a crítica só deve ser fornecida ao autor que fará dela uso como subsídio a sua produção. Nós preferimos mesmo não fazer nenhum tipo de comentário dessa natureza, nem sob demanda dos autores.
Por outro lado, existem as coisas que o revisor pode fazer quanto ao trabalho revisado: ele pode dizer que o fez - o trabalho de revisão é legítimo e só valoriza o texto do autor. Quem faz um trabalho acadêmico e contrata um revisor, além de estar fazendo algo completamente ético, está demonstrando apreço por seus leitores e expressando a importância atribuída ao desempenho da atividade de comunicação científica. Então, que o crédito do revisor seja dado no trabalho, é de direito do profissional da revisão e de importância para o autor, por expressar o relevo que ele dá á qualidade de seu produto.
O revisor pode ainda dar a público seu trabalho de revisão, apresentando em seu portfólio tais e tais trabalhos que realizou para este e aquele clientes, assim como muitos profissionais o fazem. É legítimo, pertinente e útil que os revisores o façam, para que os autores saibam quem é o revisor pelos trabalhos em que já se empenhou. Quando se trata de um trabalho acadêmico, uma tese defendida, por exemplo, desde a defesa seu texto já é publico: partes dele serão mencionadas em outros trabalhos e seus fragmentos e ideias ilustrarão outras produções, resguardadas as citações autorais de praxe. Então, pode o revisor, da mesma forma, citar o trabalho que revisou e dar a ele publicidade que, de muitos modos, será também do interesse do autor. Todas essas questões podem também ser tratadas no contrato, limitando ou ampliando-se esses direitos de menção, citação e divulgação dos trabalhos de cada uma das partes.
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Revisor tudo vê, mas não fala, nem ouve. Se houver muito erro, revisor não houve! |