Além de recorrer a seus conhecimentos enciclopédicos, o revisor faz uso constante de inúmeras fontes de consulta e verificação.
Existem regras na língua portuguesa que grande parte dos profissionais do texto acredita dominar sem muitos problemas; outras, no entanto, geram dúvidas independentemente do número de vezes que o revisor se depara com elas. Para esse segundo grupo, a melhor saída é sempre uma nova consulta aos manuais, aos dicionários e às gramáticas disponíveis. Para o primeiro grupo, sempre que uma “certeza” oscilante tomar conta das decisões de interferência, também se recomenda recorrer novamente aos livros. Não há nada melhor para o bom trabalho de revisão que a dúvida: o estranhamento gera a busca que, por sua vez, gera a lucidez e a firmeza necessárias à interferência textual. O revisor tem sempre muito nas mãos, a responsabilidade da profissão pesa, e um equívoco pode comprometer seu trabalho e o trabalho do autor.
A intenção aqui não é atrasar o trabalho de revisão com inúmeras verificações a extensos livros de consulta. O profissional de revisão de texto sabe que tempo é dinheiro e, por isso mesmo, a consulta ao manual no qual ele confia é necessária. Imagine-se que certa interferência infundada tenha sido feita pelo revisor. Na melhor das hipóteses, o cliente viu o problema e entrou em contato com ele. Talvez o cliente esteja nervoso, caso tenha sido um pequeno erro do revisor; talvez esteja inseguro, afinal ele conferiu seu trabalho ao cuidado daquele profissional; talvez ele veja aquilo como um erro qualquer, algo que não exija nenhuma reação excessiva, apenas a correção – ninguém está livre de erros, e isso inclui o revisor. No entanto, a hipótese mais sombria seria a de o cliente não perceber o erro. Pior ainda: a falha foi descoberta depois da publicação. Nós revisores sabemos que essa é a hora em que esses pequenos erros gostam de se exibir. Resta-nos a aceitação do infortúnio. A ideia é que talvez – veja bem, talvez – isso pudesse ter sido evitado pela rápida consulta ao manual de revisão, à gramática, ao dicionário… A dúvida se a expressão correta para aquele caso seria “à medida que” ou “na medida em que” não se tornaria um monstro maior do que ela era antes. Por isso, é sempre bom conferir nossas certezas.